sábado, 8 de janeiro de 2011

Não foi planejado. Acho que foi a interseção da necessidade com o desejo com o acaso. O fato é que eu resolvi dar uma de volta de carro por São Paulo. Sábado a noite. Mulher sozinha. Recém-separada. Subi a Rua Augusta, desci a Bela Cintra, peguei a Paulista, voltei pra Itu, desci a Pe. João Manoel e depois cruzei a Estados Unidos. Lembrei do Profissão Repórter que mostrou uma reportagem sobre a noite em São Paulo. Mas que droga, se eu estivesse namorando, poderia ir com ele lá no Squat. Um bar descolado na Itu. Ele tinha me contado que foi num bar sozinho. Inveja. Homem fazer isso é a coisa mais natural do mundo. Não que eles façam, mas não causa estranhamento em ninguém.
Sempre tive coragem de fazer coisas sozinha. Viajei sozinha pra Chapada dos Guimarães. Já fui em balada sozinha. Cinema, direto. Assim que me separei, viajei pro Litoral Norte sozinha. SOZINHA. Tenho uma amiga que ficou de queixo caído quando contei que ia pra Camburi by myself. As amigas não acreditam mas acham o máximo. Dizem que gostariam de ter a minha coragem.
Não é uma questão de coragem. É vontade. É liberdade. É ter confiança na própria compania.
Eu não sou freak, nem solitária. Tenho muitas amigas. Tenho colegas. Converso com todo mundo, sou alto astral. Divertida. Maluquinha, dizem. Adoro esporte. Nado todo dia, faço aula de spinning, musculação. Tudo com prazer. Adoro a luz do dia. Adoro a noite. Não sou nenhum tipo de "nerd" que não tem amigas/amigos pra sair. Desde que me separei, não me faltou compania. Saí com amigos todas as vezes que tive vontade. Fiquei em casa quando estava fazendo meu luto. Processando a perda. Passei o Ano Novo em uma festa super legal com amigas muito alto astral.
Mas saio bastante sozinha. Gosto. Não sinto constrangimento nem medo.
De volta aos Jardins, eu via todos aqueles bares, baladas. Gente na rua. Risadas. Manobristas. E me olhava no carro. Eu de short, camiseta e tênis. Três cores diferentes, sem combinar. Olhava fora. Olhava dentro. Tentava achar uma conexão. Saudável.
Não sou adolescente. Longe disso. Não tenho mais estômago pra comportamentos auto-destrutivos. Há três meses, me dei um anel de compromisso comigo mesma. Uma aliança tripla. 1- Compromisso de me amar. 2-De me respeitar. 3-De me tratar com carinho e delicadeza. Então aviso: essas três regras, inflexíveis. Apenas quero interagir com o mundo, de um modo livre, alegre, leve.
Toda vez que saí ou viajei sozinha vivi grandes aventuras. Perdi o fôlego. Enfrentei os medos. Expandi meus limites. Vivi o mundo de dentro.
Quando saímos com amigas/os é sempre muito bom. Mas é como se um muro de vidro invisível nos envolvesse. Rede de proteção.
Sou a favor de uma vida segura, sem riscos bobos. Mas amo me entregar ao mundo. Sem redes de proteção imaginárias. Para que a vida chegue. Interação. Surpresa. Fluxo do impossível.
Foi na esquina da Augusta com a Paulista que tive a idéia. De sair, uma vez por semana, durante UM ANO, SOZINHA, e ir a algum bar ou balada. Uma mulher. Desacompanhada. Feliz. Alegre. Destemida. E contar isso num blog. Quem sabe não inspiro alguma outra mulher a ter coragemd e se bastar...de não precisar. Contar como é o lugar, que tipo de pessoas vão nessa Balada, que tipo de emoção acontece e cada uma delas. Atmosfera. Vibe.
Não estou em busca de "conhecer alguém". Não busco buscas. Segura de mim, presente no momento, quero contato com a vida vibrante de São Paulo. Quero o mundo pra mim. Quero o presente. A ação e a reação. Vida.
Resolvi começar imediatamente. Só que não dava pra ir a um bar, já que eu estava vestida pra assistir televisão. Fui ao McDonald's da Rebouças tomar um café. Sem surpresas.
A segunda coisa mais legal da noite, (a primeira foi a minha idéia desse projeto), fechou a noite. No carro, pensando: eu confio na energia do mundo. Eu confio que desejar é realizar. Que o universo conspira a nosso favor. Olho pro lado e vejo dois homens em um carro, cantando e dançando feito loucos, hiper animados e nem um pouco preocupados com o mundo à volta. Eles buzinam pra mim e pedem pra eu abaixar o vidro. "Onde você tá indo?". Pra casa. "Ah, não acredito! Olha essa noite". Pois é. "Nós somos do interior. Onde tem um lugar com música sertaneja?". Penso. Ah, é um lugar no Sumaré. Esqueci o nome. "Vila Country?" Isso. "Ah a gente tava lá, muito cheio..." Sorrio e encolho os ombros. Só sei esse..."Ok, obrigada, Linda. Boa Noite". Divirtam-se. Ele pisa no acelerador e some de vista.
Mal comecei a brincadeira e já me diverti com esses dois. A vida é muito simples.
Semana que vem irei ao primeiro bar sozinha. Escolhi um que eu ia bastante há um tempo atrás, na região da Paulista. Até lá.
Horário de chegada em casa: 1:25.

2 comentários:

  1. Baby, eu AMEI a ideia do seu blog. Sabe que compartilho de muito do que disse aí (de confiar no mundo e de gostar da própria companhia), mas a ideia de criar um blog temático foi fantástica. Amei. Está apoiadíssima. Quando me separei, pensei em fazer o mesmo, mas acabei ficando com o romance mesmo. Comecei a escrever "Memórias de uma divorcee" =)

    Ah, sem falar no seu jeito de escrever, que é leve, solto, informal, maluquinho, mas CHEIO de significados (assim como a dona).

    Certamente frequentarei esse espaço =)

    Sua primeira leitora e seguidora número 1,

    Pat.

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  2. Valeu Pat!!!!!

    Na verdade, seu Odds and Ends foi minha inspiração. Depois que te escrevi ontem, fui ver e eu já tinha ele salvo no meu favorites. Eu AMO seu sarcasmo rs. Seu poder de análise e auto-percepção são hipnotizantes. Há alguns meses quando li um post, fiquei viciada e li todos, quase todos, numa só noite.

    Na verdade, eu sempre tive preguiça de blogs, achava tudo meio sacal, mas ler o seu e ver que é legal foi parte do gatilho pra eu querer começar esse blog-projeto....Os posts serão semanais....

    Gosto mais do Odds do que memórias da divorcée...melancolia:out.

    Obrigada pelo seu post, amiga querida...

    O projeto não excluir sair com as amigas Rs. Quero ir num karaoke com vc!!!!!!!

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